Sobre a Caravana:
Em 2004, patrocinados pela Fundação Nacional de Artes (FUNARTE), através do edital Caravana Funarte, os PALHAÇOS TROVADORES realizaram suas primeiras viagens para fora de Belém. O projeto CARAVANA CLOWN percorreu 15 cidades do estado do Pará e 10 do estado do Amapá, com a apresentação do espetáculo “Amor Palhaço”. As viagens começaram em novembro de 2004 e terminaram em março de 2005.
Foram visitadas as seguintes cidades:
Pará: Benevides, Castanhal, Ananindeua, Inhangapi, Barcarena, Santa Bárbara, São Francisco, Colares, Moju, Salinas, Santarem Novo, Curuçá, Santo Antonio do Tauá, Santa Isabel e São João da Ponta.
Amapá: Macapá (duas apresentações), Coração, Santana, Ilha de Santana, Igarapé da Fortaleza (Santana), Mazagão, Tartarugalzinho, Porto Grande (Comunidade Monte Tabor), Pracuúba e Ferreira Gomes.
Foi uma experiência maravilhosa, a troca de saberes e afetos com pessoas de lugares tão diferentes, nos transformou a todos. As belezas naturais dos lugares, o carinho e cuidado das pessoas conosco, a felicidade dos adultos, jovens e crianças... Tudo isso não tem preço. Nos estimulou a continuar em frente, criando nosso trabalho e a pensar, sempre e sempre, e novas aventuras...
É importante registrar que em todas estas viagens contamos com parcerias fundamentais das prefeituras das cidades, de instituições como o Sesc do Pará e do Amapá e de muitos amigos, aqui e lá.
Nosso muito obrigado a todos!
Marton Maués, diretor artístico dos Palhaços Trovadores
Pracuúba: um garoto, um brinquedo...
A experiência da Caravana Clown, projeto realizado pelos Trovadores em 2004/05, foi muito prazerosa, em muitos aspectos: a oportunidade de viajar e mostrar nosso trabalho em outras cidades, a cumplicidade do grupo, o brilho no olhar do público, ao ver aquele bando de palhaços falando de amor...
Mas tem um fato que, apesar de simples à primeira vista, me marcou bastante e, vira e mexe, me vem à lembrança: na nossa apresentação na cidade de Pracuúba, que mais me parecia um vilarejo, resolvemos nos arrumar no meio da praça mesmo. Na verdade, não lembro se essa prática foi feita em todas as nossas apresentações, mas ali naquele lugar, nós, os palhaços se maquiaram na rua.
Aos poucos, que era de se esperar, os habitantes dali começaram a se aproximar da gente, curiosos e surpresos com aqueles palhaços ali, se pintando. E é claro que a maioria desses curiosos era a criançada, alegres e desconfiadas com aquelas figuras que, certamente, nunca haviam vistos. Bem, em um determinado momento, um garoto se aproximou de mim, observando o meu ritual de passagem, já que a Suani ainda estava ali, mas já dando o ar da graça da Aurora Augusta.
Depois de alguns minutos me observando, ele, o garoto, franzino, se aproximou e me perguntou: “tia, a senhora vai dá um brinquedo? Eu não tenho nenhum brinquedo, a senhora tem um brinquedo?”. Nossa, aquele pedido me cortou o coração, pois o olhar daquele garotinho, foi uma flechada em meu peito... Eu respondi, um tanto tristonha, que não tinha nenhum brinquedo, mas que ele iria gostar do nosso presente, que seria a apresentação de um espetáculo de teatro. Percebi que ele não se importou muito, acho que nem tinha consciência do que seria teatro, e ele finalizou nossa conversa com o seguinte pedido: “Mas a senhora vai voltar aqui? Quando a senhora voltar aqui, a senhora traz um brinquedo pra mim?”. Eu não voltei mais à Pracuúba, mas até hoje, depois de cinco anos, me sinto em dívida com esse garoto.
Mas ainda voltarei lá!
Suani Corrêa - palhaça Aurora Augusta
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